sábado, 26 de maio de 2012

CORINTO – UMA IGREJA FERVOROSA, MAS NÃO ESPIRITUAL


Estamos iniciando mais um trimestre, e, desta feita, teremos a oportunidade de estudar a Epístola de Paulo aos crentes de Corinto. Embora essa carta tenha mais de 2000 anos, seu teor continua atual para a igreja. Os temas abordados admoestam quanto aos problemas que a igreja contemporânea enfrenta ainda hoje: falta de espiritualidade e compromisso com a Palavra de Deus, ausência da pregação da mensagem da cruz, partidarismos na igreja, imoralidade sexual, demandas judiciais entre os irmãos, desconsideração do casamento, pouca atenção à celebração da Santa Ceia, descuido quanto ao uso dos dons espirituais, falta de esperança quanto à ressurreição, carência de cuidados para com os irmãos mais necessitados, e, por fim, tudo isso se traduz no pouco cultivo do amor ágape. No estudo desta semana, a primeira do trimestre, trataremos a respeito da falta de espiritualidade genuinamente cristã da igreja de Corinto.


1. CORINTO: A CIDADE E A I EPÍSTOLA DE PAULO: Corinto era uma esplêndida cidade comercial localizada ao sul do istmo de dezesseis quilômetros de largura que liga a Grécia central ao Peloponeso. O grego era a língua falada pelo povo e a cultura grega da qual o povo se orgulhava. O imperador Augusto fez de Corinto a capital da Acaia, que era governada por um procônsul (At. 18.12). Sua situação era de prosperidade o que atraiu grande multidão. No sudoeste da cidade antiga encontrava-se o monte Acrocorinto, numa altura de 574 metros, no qual fora construído um templo dedicado a Afrodite, a deusa do amor. Por isso, a cidade tinha uma moral pagã, corrupta, pautada no culto ao sexo. As competições também eram bastante comuns, não admira que Paulo tenha feito alusão aos prêmios dos atletas (I Co. 9.25). Paulo reconheceu nesse lugar um ponto estratégico para a difusão do evangelho. O Apóstolo chegou ali durante sua segunda viagem missionária, por volta de 50 d. C. Logo após a chegada, conheceu Áquila, um judeu nascido na província romana de Ponto, ao norte da Ásia Menor, e sua esposa Priscila (At. 18.2; I Co. 16.19). Após um ano e meio naquela cidade, Paulo partiu para outras missões, e, estando em Éfeso, durante sua terceira viagem missionária, escreveu uma epístola aos crentes de Corinto, que não nos chegou (I Co. 5.9) na qual ele aconselhava a evitar o companheirismo com pessoas imorais. Posteriormente, por volta do ano 55 d. C., Paulo escreveu uma outra carta aos crentes de Corinto, ainda Éfeso, a qual denominamos de Primeira Epístola aos Corintios.


2. UMA IGREJA FERVOROSA, MAS SEM ESPIRITUALIDADE: A igreja de Corinto era fervorosa, isto é, tinha os dons espirituais (I Co. 1.7), mas faltava-lhe a verdadeira espiritualidade, por isso, Paulo aqueles irmãos de carnais (I Co. 3.1-4). Semelhantemente a Igreja de Corinto, muitas igrejas atuais se encontram na mesma condição de muito fervor, mas de pouca ou nenhuma espiritualidade. Buscam os dons espirituais, falam muitas línguas, profetizam em todos os cultos, mas quando as pessoas saem da igreja, não dão um bom testemunho de fé professam dentro das quatro paredes do templo. Falta a esses crentes fervorosos o fruto da espiritualidade, pois é justamente através dos frutos que somos identificados como cristãos, não pelos dons espirituais (Mt. 5.13-16; 7.22). Os dons espirituais não refletem o nível de espiritualidade do cristão, na verdade, alguém pode ter dons espirituais, como acontecia com a igreja de Corinto, e mesmo assim não ser espiritual, agindo como meninos na fé (I Co. 14.20). Isso acontece porque os dons espirituais, em determinados contextos eclesiásticos, é visto individualmente, ou seja, não lhes é dado o valor coletivo que devam ter. Segundo Paulo, em I Co. 14.3-5,12,26, os dons são dádivas para a igreja, para o desenvolvimento, crescimento e amadurecimento do corpo de Cristo, não para alguém ostentar grandeza diante dos outros.


3. O CULTIVO DA ESPIRITUALIDADE CRISTÃ NA IGREJA: O contrário das obras da carne, uma característica dos crentes de Corinto, é o fruto do Espírito (Gl. 5.22) e nele repousa a verdadeira espiritualidade (v. 19). A base do fruto é o amor – ágape - (I Co. 13; Rm. 5.5; Ef. 5.2; Cl. 3.14), sendo este o sustentáculo dos demais elementos do fruto, os quais são: alegria – chara – baseada nas promessas e na presença de Deus (II Co. 6.10; 12.9; I Pe. 1.8); a paz – eirene – quietude de coração e mente fundamentada em Cristo (Rm. 15.33; Fp. 4.7; I Ts. 5.23; Hb. 13.20); a longanimidade – makrothumia – que não se ira com facilidade ou não se desespera diante das adversidades (Ef. 4.2; II Tm. 3.10; Hb. 12.1); benignidade – chrestotes – indisposição para magoar os outros (Ef. 4.35; Cl. 3.12; I Pe. 2.3); bondade – agathosune – expressa em atos de bondade (Lc. 7.3-50); fé – pistis – confiança constante e inabalável na Palavra de Deus (Mt. 23.23; Rm. 3.3; I Tm. 6.12; II Tm. 2.2; 4.7; Tt. 2.10); mansidão – prautes – moderação para submeter-se a Deus e ao próximo (II Tm. 2.25; I Pe. 3.15); e temperança – agkrateia – domínio sobre os impulsos e paixões, disposição para a pureza (I Co. 7.9; Tt. 1.8; 2.5).


CONCLUSÃO: Muitas igrejas são fervorosas – isto é – têm os dons espirituais, em algumas outras, até mesmo os dons já se foram. Para evitar tais extremos, o caminho bíblico é o do equilíbrio, não podemos desprezar os dons, mas é preciso, também, saber que eles, por si sós, não garantem espiritualidade. Uma igreja genuinamente espiritual busca, além dos dons, o fruto do Espírito. Uma igreja que busca apenas os dons pode acabar como a de Corinto, com muitos dons (I Co. 1.9), mas cheia de problemas e carnalidades (I Co. 3.1-4). O equilíbrio entre fervor e espiritualidade está no contato contínuo com o Espírito Santo, o qual produz em nós, e conosco, o Seu fruto (Gl. 5.22).

Fonte: Estudos Bíblicos

Dízimos à Luz da Palavra

 
Ultimamente, o dízimo tem sido um assunto muito polêmico nas igrejas. Muitas discussões têm se levantado sobre dar o dízimo ou não. Na verdade, a expressão correta é entregar, devolver ao Senhor, pois tudo é Dele; somos apenas administradores, não temos nada sem que antes não tenha sido Dele. Ele é o Senhor.

Já li vários artigos na internet e tenho ficado horrorizada de como a falta de conhecimento tem feito o povo falar heresias terríveis. Tantas bobagens são ditas, e, uma delas, é de que Jesus aboliu a lei. Em Mat 5:17 Cristo fala que não veio abolir, ab-rogar a lei mais veio cumpri-la. Pessoas assim são dignas de pena e das nossas orações, com certeza são pessoas avarentas, amantes de si mesma e do dinheiro.

Tem um vídeo ridículo onde colocam o filme sobre a crucificação e o tema: "Depois que você ver isso nunca mais dará o dízimo". Pessoas que não tem o que fazer  escrevem besteiras para enganar os faltos de entendimento. Alguns deles até tem um certo conhecimento da letra mais isso não é o suficiente, pois a letra mata e o espírito é o que vivifica.Temos que ter a unção que vem junto com a revelação do Espírito Santo.

Tudo sobre dízimos
A palavra dizimo significa décima parte. Alguns dizem: Onde está escrito que temos que dar 10%? Os dez por cento vêm da própria palavra com seu significado. Portanto temos de separar e devolver somente os 10% ao Senhor.

O dízimo e a lei de Moisés: Era um mandamento do próprio Deus para seu povo (lev 27:30).

O dízimo tinha alguns propósitos:
- Para sustentar os levitas, pois a tribo de Levi foi a única tribo que não recebeu herança (Nm 18:21-24)
- Para os estrangeiros, órfãos e viúvas, e os ministros (Dt 14:28 e 29). Era um mandamento (Lev 27:30)
- Para suprir a casa de Deus (Ml 3:10)
-O dízimo é do Senhor (Ml 3:8; Lv 27:30)

O dízimo era a oferta da colheita dos grãos, dos frutos das árvores e dos animais, pois essa era a agricultura de subsistência da época. Hoje a nossa forma de subsistência é o nosso salário, em espécie (dinheiro). Hoje, como iremos ofertar? Arroz, feijão, gado, galinha, hortelã, cominho, e etc. Se para obtermos tudo isso temos que ter o dinheiro?

O dízimo é bíblico, tanto para o antigo, como para o novo testamento.

Provo isto biblicamente. E não é pelo o que acho ou penso, mas pela revelação das Escrituras.
Vejamos:
Gn 14:20 diz que Abraão deu o dízimo de TUDO para Melquisedeque. De tudo o que Abrão tinha ele dizimou, portanto, se ele tinha ouro, prata, dinheiro, gado, ovelhas tudo ele dera a décima parte.

Quatrocentos anos antes da lei de Moisés exigir o dízimo, Abraão já o havia  entregado. Sem que Melquisedeque pedisse, ele entregou voluntariamente, pois ele entendeu que isso agrada a Senhor. Temos que entregar o dízimo espontaneamente. Não por força nem por violência, não com pesar, nem com tristeza, não para aparecer para homens, como se fosse por obrigação.

Pois dessa forma não agrada ao Senhor, temos de entregar com entendimento do que estamos fazendo. Pois, "Deus ama o que dá com alegria".

Cristo é sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque (Sl 110:4). Melquisedeque tipificava  Cristo na tipologia bíblica. Porque Abraão não entregou o dízimo a Faraó, ou até mesmo, ao rei de Sodoma? Porque  o entregou a Melquisedeque? Para nos mostrar que hoje no tempo da graça o dízimo continua sendo recebido pelo Senhor, pois cristo é o nosso eterno sacerdote.

Observe que Melquisedeque não recusou o dízimo de Abraão. Onde foi que leram que isso era certo se a lei de Moisés ainda não existia? Que coisa fantástica! Antes da lei houve o primeiro dízimo, passou a lei e no tempo da graça o dízimo é valido porque Melquisedeque é um tipo de Cristo nosso eterno sacerdote.

Ao contrário do que muitos dizem o dízimo não foi instituído só por causa da tribo de Levi, mas muito antes disso, como vemos em Gn 14:20. Nós somos o Israel espiritual, somos descendentes de Abraão na fé, temos que andar nos passos da fé (Rm 4:12; Hb 7).

Ao lermos em Hebreus 7 fica claro que o sacerdócio levítico já passou e agora permanece o sacerdócio de Cristo, que é eterno segundo a ordem de Melquisedeque. Como Melquisedeque recebeu o dízimo de Abraão, hoje, no tempo da graça Cristo recebe e aprova o ato de entregar-mos o dízimo, como Melquisedeque não reprovou e aceitou, da mesma forma o nosso Senhor Jesus age sobre esse assunto.

Muitos dizem que quando Jesus disse está consumado aboliu toda a lei, inclusive o dízimo, isso não é verdade, quando ele bradou está consumado, ele quis dizer que cumpriu o seu propósito aqui na terra.

Somente quando se refere ao dízimo, é que Deus manda fazer prova Dele (Ml 3:10). Em nenhuma outra passagem Deus manda o povo o provar. Existe benção sem medidas extraordinárias para aqueles que entregam o dízimo ao Senhor.

- As janelas dos céus serão abertas (provisão divina em todas as áreas)
- O devorador será repreendido (tudo o que for teu será conservado pelo Senhor, e o devorador, Satanás será envergonhado)
- E todos nos chamarão benditos do Senhor.

Cristo ensinou a sobre o dízimo em  Mat 23:23b "Fazei estas coisas e não omitir aquelas”. Fica  claro que Jesus mandou dar o dízimo, “fazei estas coisas”.

Continuem entregando o dízimo, como vocês fazem, mas não deixem de omitir aquelas, pratiquem também o juízo, a misericórdia e a fé. Os fariseus queriam fazer tudo certo ao ponto de dar o dízimo das hortaliças mais baratas como: hortelã, endro, cominho e etc... mas eles esqueciam de obedecer a palavra em um todo, não praticavam a justiça, a fé, a misericordia, o amor. Temos que ser fiés em tudo.

Sabemos que o livro de Mateus foi direcionado ao povo judeu, porém em Lucas, que foi escrito direcionado aos gregos (gentios) Jesus repete a mesma coisa. Leia Lucas 11:42.

Se o ato de dar o dízimo fosse reprovado ou abolido pelo senhor Jesus, com certeza, nesta ocasião Ele teria dito. Ele poderia ter dito parem de dar o dízimo pois isso faz parte do passado, faz parte da lei de Moisés,agora estou aqui para cumprir a lei. Mas ao contrário, Ele disse: "fazei". Nas palavras de Jesus não há duvidas, quando o Mestre fala não se pode questionar. É ponto final.

Jesus disse que o operário é digno do seu salário (Mat 10:10). Aquele pastor que é fiel que dá a sua vida pelas ovelhas que prega a verdadeira palavra de Deus é digno de ser sustentado pela obra de Deus, e isso só é possivel com dízimos e ofertas. Quando os discipulos foi enviados Jesus não os mandou pedir nada a ninguém, mais mandou aceitar tudo que lhes fossem oferecido naquela casa, é diferente dos mercenários que querem arrancar o ultimo centavo do povo, para viverem regaladamente, Deus tá vendo tudo, a ele ninguem engana, tudo o que o homem semear certamente colheirá. Dízimos e ofertas são aprovados pelo Senhor, isto está bem claro na biblia o que fazem por ai pedindo o teu tudo, envelopes cheios de dinheiro, para comprar a "benção de Deus" isto é abominação ao Senhor.

Em João 8 existiam as mulheres que serviam a Jesus com os seus bens. É óbvio que o Senhor Jesus não veio a esta terra para falar sobre dinheiro e nunca pediu nada a ninguém.

É muito diferente do que vemos hoje em dia, mercenários sugando a pele das ovelhas e fazendo negócio com o povo (2 Pe 2). Muitos homens maléficos estão riquíssimos porque estão enganando o povo com a falsa doutrina da prosperidade.

Paulo também falou sobre o ato de sustentar a obra com dízimos e ofertas.

Que servia:
Para recompensar os que ensinam (mestres) Gal 6:6.
Para sustentar os ministros do evangelho ( I Co 9:13,14)

Onde devemos entregar o dízimo?
Devemos entregar o dízimo e ofertas na casa do Senhor, na igreja em que congregamos, pois no Antigo testamento era entregue na casa do Senhor, nos templos, na casa do tesouro (2 Cr 31: 11,12; Ne 10:38; Ml 3:8).

Hoje a casa do tesouro é a igreja do Deus Vivo, a igreja do Deus vivo que é  cheia da graça, misericórdia, e da palavra do Senhor que é um tesouro incomparável.

Nos textos citados fica claro que temos de contribuir para o sustento da obra de Deus. Temos que ser obedientes ao Senhor, pois a sua Palavra permanece para sempre.

O ato de dar o dízimo é para honrar a Deus (Pv 3:9,10) não fazemos isso para aparecer, como na maioria das denominações. As pessoas colocam o nome e o valor do dízimo em um envelope, e elas não sabem que isso é para o "pastor" ter o controle de quem está dando o dízimo. Com isso fazem acepção nas "igrejas", separando cadeiras e dando destaque a quem tem o dízimo mais alto. Não precisamos colocar o nosso nome nos envelopes. Esse ato é para honrar a Deus e não ao homem. O pastor não precisa saber o nome de quem dá e quanto dá, isso é para glória de Deus, é Deus quem vai nos recompensar.

Fonte:  EstudosGospel

sábado, 19 de maio de 2012

Conheça a História da Escola Biblica Dominical

Sentado a sua mesa de trabalho num domingo em outubro de 1780 o dedicado jornalista Robert Raikes procurava concentrar-se sobre o editorial que escrevia para o jornal de Gloucester, de propriedade de seu pai. Foi difícil para ele fixar a sua atenção sobre o que estava escrevendo pois os gritos e palavrões das crianças que brincavam na rua, debaixo da sua janela, interrompiam constantemente os seus pensamentos. Quando as brigas tornaram-se acaloradas e as ameaças agressivas, Raikes julgou ser necessário ir à janela e protestar do comportamento das crianças. Todos se acalmaram por poucos minutos, mas logo voltaram às suas brigas e gritos.

Robert Raikes contemplou o quadro em sua frente; enquanto escrevia mais um editorial pedindo reforma no sistema carcerário. Ele conclamava as autoridades sobre a necessidade de recuperar os encarcerados, reabilitando-os através de estudo, cursos, aulas e algo útil enquanto cumpriam suas penas, para que ao saírem da prisão pudessem achar empregos honestos e tornarem-se cidadãos de valor na comunidade. Levantando seus olhos por um momento, começou a pensar sobre o destino das crianças de rua; pequeninos sendo criados sem qualquer estudo que pudesse lhes dar um futuro diferente daquele dos seus pais. Se continuassem dessa maneira, muitos certamente entrariam no caminho do vício, da violência e do crime.

A cidade de Gloucester, no Centro-Oeste da Inglaterra, era um pólo industrial com grandes fábricas de têxteis. Raikes sabia que as crianças trabalhavam nas fábricas ao lado dos seus pais, de sol a sol, seis dias por semana. Enquanto os pais descansavam no domingo, do trabalho árduo da semana, as crianças ficavam abandonadas nas ruas buscando seus próprios interesses. Tomavam conta das ruas e praças, brincando, brigando, perturbando o silêncio do sagrado domingo com seu barulho. Naquele tempo não havia escolas públicas na Inglaterra, apenas escolas particulares, privilégio das classes mais abastadas que podiam pagar os custos altos. Assim, as crianças pobres ficaram sem estudar; trabalhando todos os dias nas fábricas, menos aos domingos.

Raikes sentiu-se atribulado no seu espírito ao ver tantas crianças desafortunadas crescendo desta maneira; sem dúvida, ao atingir a maioridade, muitas delas cairiam no mundo do crime. O que ele poderia fazer?

Por um futuro melhor

Sentado a sua mesa, e meditando sobre esta situação, um plano nasceu na sua mente. Ele resolveu fazer algo para as crianças pobres, que pudesse mudar seu viver, e garantir-lhes um futuro melhor! Pondo ao lado seu editorial sobre reformas nas prisões, ele começou a escrever sobre as crianças pobres que trabalhavam nas fábricas, sem oportunidade para estudar e se preparar para uma vida melhor. Quanto mais ele escrevia, mais sentia-se empolgado com seu plano de ajudar as crianças. Ele resolveu neste primeiro editorial somente chamar atenção à condição deplorável dos pequeninos, e no próximo ele apresentaria uma solução que estava tomando forma na sua mente.

Quando leram seu editorial, houve alguns que sentiram pena das crianças, outros que acharam que o jornal deveria se preocupar com assuntos mais importantes do que crianças, sobretudo, filhos dos operários pobres! Mas Robert Raikes tinha um sonho e este estava enchendo seu coração e seus pensamentos cada vez mais! No editorial seguinte, expôs seu plano de começar aulas de alfabetização, linguagem, gramática, matemática, e religião para as crianças, durante algumas horas de domingo. Fez um apelo, através do jornal, para mulheres com preparo intelectual e dispostas a ajudar-lhes neste projeto, dando aulas nos seus lares. Dias depois um sacerdote anglicano indicou professoras da sua paróquia para o trabalho.

O entusiasmo das crianças era comovente e contagiante. Algumas não aceitaram trocar a sua liberdade de domingo, por ficar sentadas na sala de aula, mas eventualmente todos estavam aprendendo a ler, escrever e fazer as somas de aritmética. As histórias e lições bíblicas eram os momentos mais esperados e gostosos de todo o currículo. Em pouco tempo, as crianças aprenderam não somente da Bíblia, mas lições de moral, ética, e educação religiosa. Era uma verdadeira educação cristã.

Robert Raikes, este grande homem de visão humanitária, não somente fazia campanhas através de seu jornal para angariar doações de material escolar, mas também agasalhos, roupas, sapatos para as crianças pobres, bem como mantimentos para preparar-lhes um bom almoço aos domingos. Ele foi visto freqüentemente acompanhado de seu fiel servo, andando sob a neve, com sua lanterna nas noites frias de inverno. Raikes fazia isto nos redutos mais pobres da cidade para levar agasalho e alimento para crianças de rua que morreriam de frio se ninguém cuidasse delas; conduzindo-as para sua casa, até encontrar um lar para elas.

As crianças se reuniam nas praças, ruas e em casas particulares. Robert Raikes pagava um pequeno salário às professoras que necessitavam, outras pagavam suas despesas do seu próprio bolso. Havia, também, algumas pessoas altruistas da cidade, que contribuíam para este nobre esforço.

Movimento mundial

No começo Raikes encontrou resistência ao seu trabalho, entre aqueles que ele menos esperava - os líderes das igrejas. Achavam que ele estava profanando o domingo sagrado e profanando as suas igrejas com as crianças ainda não comportadas. Havia nestas alturas algumas igrejas que estavam abrindo as suas portas para classes bíblicas dominicais, vendo o efeito salutar que estas tinham sobre as crianças e jovens da cidade. Grandes homens da igreja, tais como João Wesley, o fundador do metodismo, logo ingressaram entusiasticamente na obra de Raikes, julgando-a ser um dos trabalhos mais eficientes para o ensino da Bíblia.

As classes bíblicas começaram a se propagar rapidamente por cidades vizinhas e, finalmente, para todo o país. Quatro anos após a fundação, a Escola Dominical já tinha mais de 250 mil alunos, e quando Robert Raikes faleceu em 1811, já havia na Escola Dominical 400 mil alunos matriculados.

A primeira Associação da Escola Dominical foi fundada na Inglaterra em 1785, e no mesmo ano, a União das Escolas Dominicais foi fundada nos Estados Unidos. Embora o trabalho tivesse começado em 1780, a organização da Escola Dominical em caráter permanente, data de 1782. No dia 3 de novembro de 1783 é celebrada a data de fundação da Escola Dominical. Entre as igrejas protestantes, a Metodista se destaca como a pioneira da obra de educação religiosa. Em grande parte, esta visão se deve ao seu dinâmico fundador João Wesley, que viu o potencial espiritual da Escola Dominical e logo a incorporou ao grande movimento sob sua liderança.

A Escola Bíblica Dominical surgiu no Brasil em 1855, em Petrópolis (RJ). O jovem casal de missionários escoceses, Robert e Sarah Kalley, chegou ao Brasil naquele ano e logo instalou uma escola para ensinar a Bíblia para as crianças e jovens daquela região. A primeira aula foi realizada no domingo, 19 de agosto de 1855. Somente cinco participaram, mas Sarah, contente com “pequenos começos”, contou a história de Jonas, mais com gestos,do que palavras, porque estava só começando a aprender o português. Ela viu tantas crianças pelas ruas que seu coração almejava ganhá-las para Jesus. A semente do Evangelho foi plantada em solo fértil.

Com o passar do tempo, aumentou tanto o número de pessoas estudando a Bíblia, que o missionário Kalley iniciou aulas para jovens e adultos. Vendo o crescimento, os Kalleys resolveram mudar para o Rio de Janeiro, para dar uma continuidade melhor ao trabalho e aumentar o alcance do mesmo. Este humilde começo de aulas bíblicas dominicais deu início à Igreja Evangélica Congregacional no Brasil.

No mundo há muitas coisas que pessoas sinceras e humanitárias fazem sem pensar ou imaginar a extensão de influência que seus atos podem ter. Certamente, Robert Raikes nunca imaginou que as simples aulas que ele começou entre crianças pobres e analfabetas da sua cidade, no interior da Inglaterra, iriam crescer para ser um grande movimento mundial. Hoje, a Escola Dominical conta com mais de 60 milhões de alunos matriculados, em mais de 500 mil igrejas protestantes no mundo. É a minúscula semente de mostarda plantada e regada, que cresceu para ser uma grande árvore cujos galhos estendem-se ao redor do globo. 

Fonte: CPAD